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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Respeito à minha Hipocrisia!

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Num passado não muito distante, em função de conflitos, rejeitei o que era achando que não era adequado, quis ser outra coisa... Não deu resultado... Ou melhor: deu, mas não o que esperava... Houve momentos em que lutei com os meus monstros (assim eu os chamava), e me achava hipócrita por tê-los. Como podia alguém que já tinha entrado em contato com alguns conhecimentos tão profundos e transcendentais ainda se submeter a sentir e desejar certas situações que, a seu ver, não lhe trariam nada de substancial ou, para piorar, não correspondiam com a doutrina do Cristo (da qual me dizia seguidor) ou com ela não fazia sentido... 

Achei-me hipócrita, falso, covarde porque meu comportamento jamais demonstrava que era eu uma pessoa que pensava e sentia daquela forma. Lutava, e lutava, e lutava para que aqueles pensamentos, julgamentos e vontades não fizessem mais parte de mim, mas quanto mais lutava, mais aumentava a culpa por ser quem “achava” que era. Até o dia que, sob as justificativas que eu determinei para mim mesmo, aventurei-me a “experimentar” certas circunstâncias só para saber como era. Não queria ser falso, hipócrita ou coisa do tipo... Queria ter “coragem” se ser alguma coisa diferente daquilo que me incomodava, por achar que, pensando de uma forma e lutando para agir de outra estava sendo hipócrita comigo mesmo em não ouvir minhas necessidades, ao mesmo que pensei: porque não? Qual o erro em certas coisas desde que você não esteja prejudicando ninguém?

Então troquei o bobo, conflituoso e reflexivo pelo arrojado, despojado e desejável... Um sentimento de satisfação e realização batia de tal forma que qualquer consequência seria nada mais, nada menos que oportunidades para a autoafirmação. Aí sim, bate de frente, exponha, questione, aponte, grite, pois o momento é seu, agora o mundo é pequeno e “você é o cara”, e não faltam pessoas e circunstâncias que aparentemente te comprovassem isso. Até mesmo se alguém ficasse chateado era rotulado como egoísta, incompreensivo ou merecedor porque se eu não era santo, RÁ!: os outros também não eram... Então está mais do que certo. Tudo e todos cada um no seu devido lugar! Não me julgue porque “você não tem direito”. Manipulações, mentiras, desvios de conduta, tudo muito bem alinhado com o ego, para que nenhuma culpa ou sentimentos “menores” como medo, incerteza, apatia, tristeza, pudessem atrapalhar. Sentimentos de gente que se acovarda por trás daquilo que “não tem coragem de viver”.

Assim, com um ego bem arvorado, determinado e resoluto, parti para viver da forma como achava leal aos meus sentimentos, usando os mesmos para justificar a legitimidade do que fazia... A quem não faltasse para te dar o devido “apoio” necessário para que aquilo se concretizasse.   Tudo lindo até o momento em que comecei a perceber o que estava perdendo... A princípio pesei na balança o que estava perdendo externamente: pessoas, coisas, ambientes, circunstâncias que eram importantes para mim, mas que, por outras que tomaram lugar (momentaneamente, e esqueci-me de pesar isso), comecei a abrir mão achando que eram apenas coisas externas das quais estava apegado e que, com o tempo, novas circunstâncias tomariam seu lugar e tudo ficaria bem, achando até mesmo que não sentiria tanta falta. Justificava ainda alegando que vivi experiências nem sempre escolhidas espontaneamente por mim, que abracei causas que não eram minhas, deixando de lado as que “julgava importantes” para mim...

Graças a Deus não bastou muito tempo para começar a ter conflitos ainda maiores: a falta de pessoas e situações começou a bater muito forte! Comecei a me achar fraco, pois havia lido em diversos livros que “situações novas de fato geram desconforto e é preciso adaptar-se, mas não desistir”. Ah o ímpeto da coragem... de fato, se a circunstância não estava boa, meu caro, nada mais justo que dispensá-la e partir para outras experiências mais “a tua cara”, ou “que lhe tragam melhores resultados e mais satisfação”. ÓTIMO! Tudo bem e novamente justificado, ego inflado, peito aberto, mundo pequeno e vamos para frente!!!! Porém... começaram as lembranças de coisas e momentos tão bons, simples, ingênuos e longe do circuito de situações que mechem muito com as sensações e os prazeres mais “aguçados” (ou menos aguçados e mais envolventes)... um lado homem falando mais que o macho (até então o pensamento era inverso), um lado mais sensível, puro e longe de bajulações ou exaltações a sua vaidade. Não que não existissem situações a serem resolvidas, alinhadas, “colocados os pingos nos ís”, porém o que havia de tão bom foi desprezado, esquecido, ignorado, tudo para justificar o que o meu “verdadeiro Eu” queria e desejava... Desde então as lágrimas passaram a ser as companheiras sempre presentes... Angustias, conflitos, medo, incerteza, apatia, tristeza, tudo de novo e ainda mais intenso. Peraí: não foram elas que te levaram a agir como está agindo, a escolher as rotas que está tomando e agora elas novamente te tomam e ainda piores? Não é possível, cara, acovardado de novo?  Era para estar se não feliz ao menos resoluto, confiante... O que pega?

O que pegou foi perceber que tudo aquilo ainda tinha o seu valor (e muito), e outras circunstancias que, por mais que lhe agradassem, não preenchiam o vazio que sentia ao deitar sua cabeça no travesseiro ou buscando um por que ou referência para aquilo que estava desejando, e não encontrar aonde estava... Piorou quando percebeu que muita coisa eu já vivia ou nada impediria de viver no lugar em que não estava...

Porra, cara, você não sabe o que quer da vida? Sempre decidido, firme e agora vacilante? Essas eram perguntas elaboradas com frequência, que aumentavam ainda mais o conflito e a vergonha perante si, especialmente a perceber que várias razões existiam para uma tomada de postura diferente, retomar as coisas, assumir os papéis que eram seus (e não achava que era), tomar o lugar que era seu, e de direito (mas achou que não havia sido construído por você e sim pelo desejo dos outros), cobrar de quem tinha que cobrar e questionar quem tinha que questionar (mas que nunca se achou digno devido aos seus conflitos, por ter deixado há desejar um dia, por sentir-se hipócrita, e um monte de outros achismos). Tudo perfeito, raciocínio acurado, resoluções tomadas internamente, visão clara das coisas... Ah! Tudo pronto para uma mudança... mas... O que eu faço com tudo aquilo que vivenciei e foi tão bom?? Como chatear novamente pessoas (mesmo dentro da sua razão), na verdade era o ego louco para ser aceito, amado, com sua vaidade sendo colocada nas alturas, que delícia... Como dispensar tudo isso? Mas faltou afirmar uma pergunta para responder a outra: mas em prol do que seria???

Começa aí um jogo desgastante de emoções, situações, pensamentos e mais pensamentos repetitivos, persistentes e até em alguns momentos maldosos, ou que buscavam a todo o tempo uma fórmula mágica de sair de tudo isso de forma a não sofrer consequências ou rejeições, e, por fim, mas mentira, manipulação, ego, orgulho, e etc.

A dor que antes era do que acha que não era, hoje, nesse processo de mudança e retomada (de mim e daquilo que é importante) que ainda continua, agora é daquilo que eu estava me tornando, e hoje vejo que muito do que eu julgava como hipocrisia era nada mais que o melhor de mim lutando contra aquilo que, apesar de desejar, sabia que não agregaria em nada, que o que me condenava ou que queria abrir mão em função do outro era o melhor que havia em mim, como disse Oswaldo Montenegro em “A lista”: quantos defeitos sanados com o tempo/era o melhor que havia em você!

Percebo que o maior erro foi lutar contra o que eu não queria, ao invés de focar naquilo que queria...

Que o momento em que deveria ter tido mais paciência era com as mudanças que estavam ocorrendo nos conflitos, e enxergar os benefícios que eles estavam me trazendo como amadurecimento, resiliência, experiência, oportunidade de ajudar o outro, resistência moral...

Que as brigas que comprei achando que não eram minhas, deveria dar graças a Deus que “não eram minhas”, ou seja, não fui ei quem as criou (pelo menos naquele momento ou existência), que eu estava ali para AJUDAR, COLABORAR, EXEMPLIFICAR, enfim, servir de suporte, mas sem colocar tudo aquilo como um peso...

Faltou experiência, manter a visão do que acreditava, afirmar ainda mais as minhas convicções, arrumar um “boa briga” com aqueles que amava ao invés de justificar meus atos através dos deles, enfim, quanta coisa e quantas emoções e situações vividas desnecessariamente... Tudo o que vivemos e fazemos é aproveitável em matéria de evolução, porém nem tudo precisava ser como foi...

Hoje não existem culpados pelo que fui e sou. Alguns acham que colaboraram com o meu progresso, permitindo viver comigo certas experiências e me influenciando para as mesmas, onde na verdade também, usaram da minha fragilidade para obterem o que queriam: um momento, um prazer, a sensação de se sentir melhor por ver alguém perdido e desequilibrado, enfim... E isso também me atormentava e tentava rotular essas mesmas pessoas de forma a me sentir melhor pelos sentimentos que estava nutrindo por elas o que queria nutrir para ter uma justificativa e me afastar, ledo engano novamente, tomando o efeito pela causa, me acovardando diante do que deveria fazer e não fiz... Outras pessoas achava que queriam me manter por perto e aconselhar em função de seus interesses, contudo vejo que me ajudaram e me amaram de verdade, mesmo quando não estava sendo para elas (e para mim mesmo) o que deveria e mereciam...

Ainda mantive certas coisas, outras perdi... Talvez não recupere mais ou possa vivê-las um dia, mas em verdade e de forma sublimada, com respeito a minha dignidade e das pessoas...
O mais importante é que tudo caminha para o melhor, e que, por mais que ainda muitas dores e apegos sejam pungentes, novos horizontes se descortinam dentro e fora de mim, trazendo experiência, autoconhecimento....

O hipócrita que achava que era antes retorna, mas consciente da sua hipocrisia e de suas limitações...






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