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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Uso da tecnologia e Espiritismo

É indiscutível o quanto a tecnologia agregou em nossas vidas e trouxe resultados interessantes em todas as áreas do conhecimento e das relações humanas.
Não precisamos ir muito longe: basta traçar um paralelo de trinta anos para cá e perceberemos as diferenças! Na área da saúde com equipamentos e procedimentos que permitem a identificação de doenças ainda no estágio inicial, facilitando o caminho para a cura; na engenharia com máquinas (tanto a nível de uso pessoal como automóveis quanto industriais), que otimizam processos, produzem com eficiência e precisão quase que cirúrgicas; na educação com a interatividade digital em salas de aulas, cursos online (muitos até gratuitos), e-mails, enfim, uma infinidade de recursos à nossa disposição e acessível a quem queira.
Muito se discute os benefícios e malefícios trazidos pela tecnologia. Em tudo o que fazemos colocamos as nossas características, deixamos a nossas impressões e a individualidade determina até onde podemos ir. Em nosso atual estágio evolutivo ainda é muito latente aspectos psicológicos como medo, culpa, fuga, levando em muitos momentos a transferência de responsabilidades para fora de nós, projetando-a em situações, pessoas e até coisas.
Quando discutimos, por exemplo, as questões sociais, é muito comum dizermos que “a sociedade está perdida” ou “no meu tempo era...”, como se estivéssemos vivendo numa outra dimensão ou buscando justificar que o que fazíamos “não era tão ruim assim”. O mesmo se aplica ao uso das tecnologias: estamos colocando-a num patamar distanciado ou considerando-as como um sujeito autômato, que tem vida própria e o poder de determinar nossas escolhas e até mesmo nosso caráter. Consideramo-nos corrompidos pelos cartões de crédito, internet, whatzap e outras tantas formas de tecnologia que evidenciem aquilo que revelamos e que está passivo a uma interpretação de terceiros. A própria definição etimológica[1] da palavra evidencia o seu verdadeiro sentido: “ A palavra tecnologia aparece no século XVIII (1765) e deriva do grego tékhne – “arte, indústria, habilidade” e de tekhnikós – “relativo a uma arte”, e de logos – “argumento, discussão, razão” – logikós – “relativo è reaciocícnio”, derivado de légo – “eu digo”. Ou seja, a tecnologia em sua etimologia – em sua verdadeira acepção – é o conjunto de argumentos, conhecimentos, razões em torno de uma arte, de um fazer determinado, cujo o objetivo é satisfazer as necessidades humanas[2].
Evidente notar que, como em tudo o que sofre a influência do comportamento humano, o que dá sentido aquilo é o elemento humano, com seu caráter, experiências e capacidades, determinando até onde pode-se chegar e os resultados a serem obtidos com suas ações. Ao mesmo tempo que se torna perigoso é também imprescindível para a evolução progresso da humanidade, a questão, de fato por conta do livre arbítrio e maturidade emocional e espiritual do indivíduo, os verdadeiros determinantes do fracasso ou sucesso de qualquer empreita.
Recorrendo ao livro dos Espíritos, mais especificamente no livro III “Das Leis Morais”, no seu capítulo V “ Lei de Liberdade”, as respostas às pertinentes perguntas do codificador deixam muito claras o que determinam ou não as consequências do comportamento humano, onde:
“843. O homem tem livre-arbítrio nos seus atos?
      — Pois que tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem o livre-arbítrio o homem seria uma máquina”

Nessa afirmativa já distingue exatamente o que é ou não pertencente a natureza humana.

      “844. O homem goza do livre-arbítrio desde o nascimento?                    
     — Ele tem a liberdade de agir, desde que lenha a vontade de o fazer. Nas primeiras fases da vida, a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades. Estando os pensamentos da criança em relação com as necessidades da sua idade, ela aplica o seu livre-arbítrio às coisas que lhe são necessárias.”

Na medida em que avançamos e desenvolvemos nossa inteligência, é natural que avancemos e alcancemos patamares cada vez maiores, movidos pelas necessidades pessoais ou circunstanciais, e essas mesmas necessidades é que determinam o uso que se faz em tudo o que está ao nosso alcance.

     “845. As predisposições instintivas que o homem traz ao nascer não são um obstáculo ao exercício de seu livre-arbítrio?
     — As predisposições instintivas são as do Espírito antes da sua encarnação; conforme for ele mais ou menos adiantado, elas podem impeli-lo a atos repreensíveis, no que ele será secundado por Espíritos que simpatizem com essas disposições; mas não há arrastamento irresistível, quando se tem a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder. (Ver item 361.)”

Vê-se nessa passagem que as predisposições (desejos, inclinações e vontades) do espírito que determinam o aproveitamento daquilo que possui ou das oportunidades de lhe surgem.

Vivemos um momento onde cada vez mais a transparência se faz presente, e os feitos positivos ou negativos do uso da tecnologia apenas revelam os caracteres daquele que a utiliza, como disse Jesus em Lucas 8:17 – “Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido a luz”. Mesmo os aparentes efeitos negativos do uso das tecnologias podem ser vistos como oportunidade de melhoria e ferramentas de autoconhecimento, ou seja, o aproveitamento que fazemos dos bens e relacionamentos a nossa volta revela em qual nível espiritual no encontramos entre erros e acertos, o uso que estamos fazendo dos talentos[3]. Buscar o que de fato nos motiva para dar o nível de importância a certos recursos e distinguir o que de fato é significante para nossa evolução e aprendizado são caminho na construção de uma personalidade mais “humanizada e humanizadora”, permitindo espaço ao que de fato pode nos proporcionar um prazer legítimo, saudável e construtivo.

Wander S. Guerreiro



[1] http://caiobrincandoeaprendendo.blogspot.com.br/2010/03/etimologia-da-palavra-tecnologia.html
[2] Grifos meus.
[3] Lucas 19: 17-27.

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